terça-feira, 30 de agosto de 2011


No Silêncio dos Túmulos

Naquelas tardes, sob as ramarias
De velhas e outoniças gameleiras,
Eu te aguardava, contemplando as vias,
E o farfalhar das folhas altaneiras; 

Nas alvas mãos, um livro tu trazias,
A vir por entre as campas derradeiras,
Sentavas junto a mim —  e então sorrias,
Folheando a tez das páginas primeiras... 

Tu entoavas... E as palavras no ar,
Moldavam-se ao melífluo rumorar
Das folhas em um recital etéreo. 

Que hoje, se me aprofundo relembrando,
A tua voz —  escuto — recitando: 
“O mar é triste como um cemitério!”

Derek S. Castro
Agosto de 2011

*Reescrito em Junho de 2025.
*O verso final é de autoria do poeta Augusto dos Anjos.

6 comentários:

  1. Que pagina maravilhosa...aqui quero voltar sempre.

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  2. Belo soneto meu caro amigo ,como sempre arrebenta, principalmente nestes temas lúgubres, meus parabéns. Sérgio.

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  3. Meu amigo, essa alma soturna encanta através de sagradas letras.
    Deposito neste jazigo estas flores:

    "Com dores n’alma adentrei ao sacro recinto
    E ouço murmúrios solitários nesta necrópole,
    Sair de tua boca como uma oração de Cristo

    Mas ao recordar, que tu'alma não perece
    E dentro do peito as marcas dos meus conflitos
    Me junto à tu’alma, recitando mais esta prece..."

    Um abraço, e sempre que possível, estarei por aqui para meditar.

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  4. Lindo... Estou sentindo falta de suas postagens no recanto! Beijos.

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