terça-feira, 30 de agosto de 2011


No Silêncio dos Túmulos

Ao fim daquelas tardes tão sombrias
Eu te esperava num marmóreo abrigo,
E, tu chegavas dentre algum jazigo
De passo em passo; e pulcra me sorrias.

Se me recordo o livro que trazias
Por entre aquelas alvas mãos, contigo;
Sentavas — minha amada — aqui comigo
E aqueles versos lúgubres tu lias...

Eu contemplando ouvia enternecido,
A sair do teu lábio enegrecido
A consonância de um som tão etéreo,

Que hoje, pareço estar inda escutando,
A tua voz melíflua recitando:
“O mar é triste como um cemitério!”

Derek S. Castro
Agosto de 2011

terça-feira, 23 de agosto de 2011


Flores Mortas

Junto das pequeninas mãos unidas,
— Que um místico rosário as envolvia —
Flores primaveris recém-colhidas,
Formavam uma fúnebre harmonia. 

As frágeis pálpebras adormecidas,
Magoadas de uma roxa cor sombria,
Lembravam duas pétalas caídas 
Enfatizadas sobre a face esguia. 

Trajada com requinte, em renda e linho,
Opacos véus azuis, com sutileza
Pairavam sobre o féretro de pinho, 

Que pondo-se a fechar, em trágica hora,
Guardava aquela angélica pureza,
Como um crepúsculo cobrindo a aurora. 

Derek S. Castro
23 de Julho de 2011
*Reescrito em Outubro/Novembro de 2023.