As Minhas Mãos
As minhas mãos são mortiças, esguias;
Vagos fantasmas, perdidos e absortos,
Têm a frieza dos túmulos mortos
Das pedras brancas, marmóreas e frias...
Enlanguescidas, tão magras, vazias...
Têm os relvedos de fúnebres hortos;
E os dedos longos, ebúrneos e tortos,
Formam arcaicas colunas sombrias...
Têm o requinte de góticas naves,
Marmorizadas, regélidas, graves,
São assimétricas, lúridas, cruas!
Ah minhas mãos! Solitárias, errantes,
Tão cadavéricas, tristes, minguantes,
Nunca encontraram as sedas das tuas!
Derek Soares Castro
* Versos decassílabos no ritmo Provençal / Gaita Galega (4ª, 7ª e 10ª).